As relações entre os seres ganha um carácter cada vez mais
comercial. O equilíbrio entre o que se quer, quem o tem e quanto vale,
permeou-se num assunto que, à primeira vista não deveria ter muito a ver com
isso. Pelo menos é o que eu penso e venho a defender cada vez mais, á medida
que observo e experimento o mundo em meu redor.
A dualidade entre a procura e a oferta é a premissa essencial de quaisquer transacções efectuadas entre seres humanos, grupos económicos ou derivados. Um ser humano deseja um bem e outro ser humano possui esse bem ou serviço e eles chegam a um acordo sobre o que fazer a seguir. Muito racional e velho como a existência humana…e no entanto é quando essa premissa se aplica aos relacionamentos emocionais, que a coisa começa a ser alienígena para mim como pessoa.
Não vou estar para aqui a dizer que nunca fui interesseiro com amizades e conhecimentos, mas olhando para trás e para apenas DOIS exemplos desse comportamento (dos quais me arrependo), posso dizer com algum confiança que é algo que me desagrada e me revolta hoje em dia. Para explicar a minha teoria, vou recorrer à uma analogia laboral.
Os nossos pais e avós são de uma geração em que um tipo aprendia um mister, arranjava um emprego e normalmente lá trabalhava durante o resto da vida ou até aquela treta arder ou coisa parecida. O emprego era pensado para uma vida inteira e mal ou bem, a malta tentava manter-se agarrada ao que tinha. Talvez porque gostassem ou talvez porque não houvesse outra hipótese, o facto é que era um assunto para uma vida. Do mesmo modo, ouvimos histórias de amizades formadas nos bancos da escola, na tropa, nos hospitais e nas forjas da vida do dia-a-dia. Essas amizades pareciam durar igual tempo, vidas inteiras de experiências em comum, compadrios e algumas agruras. Eu pelo menos tenho como exemplo duas amigas da minha avó que carregam com ela uma amizade de 60 anos!
Para mim, a amizade foi assim em tempos…talvez o seja para alguns ainda hoje, mas há muito que deixou de ser o padrão de relacionamento entre as pessoas, do mesmo modo que o amor e as paixões também parecem ter perdido essa mesma característica de solidez e estabilidade nos tempos modernos. E durabilidade claro…
A dualidade entre a procura e a oferta é a premissa essencial de quaisquer transacções efectuadas entre seres humanos, grupos económicos ou derivados. Um ser humano deseja um bem e outro ser humano possui esse bem ou serviço e eles chegam a um acordo sobre o que fazer a seguir. Muito racional e velho como a existência humana…e no entanto é quando essa premissa se aplica aos relacionamentos emocionais, que a coisa começa a ser alienígena para mim como pessoa.
Não vou estar para aqui a dizer que nunca fui interesseiro com amizades e conhecimentos, mas olhando para trás e para apenas DOIS exemplos desse comportamento (dos quais me arrependo), posso dizer com algum confiança que é algo que me desagrada e me revolta hoje em dia. Para explicar a minha teoria, vou recorrer à uma analogia laboral.
Os nossos pais e avós são de uma geração em que um tipo aprendia um mister, arranjava um emprego e normalmente lá trabalhava durante o resto da vida ou até aquela treta arder ou coisa parecida. O emprego era pensado para uma vida inteira e mal ou bem, a malta tentava manter-se agarrada ao que tinha. Talvez porque gostassem ou talvez porque não houvesse outra hipótese, o facto é que era um assunto para uma vida. Do mesmo modo, ouvimos histórias de amizades formadas nos bancos da escola, na tropa, nos hospitais e nas forjas da vida do dia-a-dia. Essas amizades pareciam durar igual tempo, vidas inteiras de experiências em comum, compadrios e algumas agruras. Eu pelo menos tenho como exemplo duas amigas da minha avó que carregam com ela uma amizade de 60 anos!
Para mim, a amizade foi assim em tempos…talvez o seja para alguns ainda hoje, mas há muito que deixou de ser o padrão de relacionamento entre as pessoas, do mesmo modo que o amor e as paixões também parecem ter perdido essa mesma característica de solidez e estabilidade nos tempos modernos. E durabilidade claro…
Temos agora o emprego moderno, dinâmico, inovador e sempre
em metamorfose …e também completamente inconstante. Se por um lado temos todas
as facilidades do mundo em largar um emprego e começar de novo, sem quem
ninguém faça perguntas, também é verdade que, para quem quer estabelecer bases
sólidas a partir das quais possam construir o seu “reino”, a coisa torna-se
duvidosa. Temos ainda mais inconstância no chamado trabalho temporário…uma
praga do mundo laboral, utilizado a bel-prazer pelas entidades patronais. Serve
como instrumento da chamada flexibilização laboral, um modo de dispor
rapidamente das mãos e pernas de uma mole de pessoas que precisam de trabalhar
e comer.
E se eu disser que a amizade e o amor, também eles assumiram uma dimensão de “temporários”?
A filosofia do trabalho temporário passa por uma empresa poder fornecer serviços e mão-de-obra a outras empresas que assim o necessitem, ajudando a cortar nas despesas e no ónus das litigações de eventuais disputas laborais. Ou seja, quando se precisa contrata-se, quando já não se precisa, despede-se. E o amor e a amizades tornaram-se muito semelhantes nesses aspectos.
As pessoas têm uma determinada necessidade em relação a um determinado aspecto e como tal, começam o processo de recrutamento com fim a preencher essa vaga na sua empresa. Preciso de um amigo com carro, um amigo que seja grande, um amigo que arranje outros amigos, a lista continua por ai à fora. Tão grande como o número de desejos no mundo.
Amizades de 3 meses, amizades de 6 meses, um ano com
opção de renovação por boa produtividade. São assim as coisas nos tempos que
correm e quem não o vê é cego, tão simples quanto isso. Namoros de 6 meses com
opção de passar aos quadros, amor com renovação contratual e dissolução de obrigações
por melhor proposta. Vivemos tempos capitalistas é um facto. E se eu disser que a amizade e o amor, também eles assumiram uma dimensão de “temporários”?
A filosofia do trabalho temporário passa por uma empresa poder fornecer serviços e mão-de-obra a outras empresas que assim o necessitem, ajudando a cortar nas despesas e no ónus das litigações de eventuais disputas laborais. Ou seja, quando se precisa contrata-se, quando já não se precisa, despede-se. E o amor e a amizades tornaram-se muito semelhantes nesses aspectos.
As pessoas têm uma determinada necessidade em relação a um determinado aspecto e como tal, começam o processo de recrutamento com fim a preencher essa vaga na sua empresa. Preciso de um amigo com carro, um amigo que seja grande, um amigo que arranje outros amigos, a lista continua por ai à fora. Tão grande como o número de desejos no mundo.
Temos uma necessidade que tem de ser preenchida momentaneamente e assim que ela passa, como uma dor de cabeça, passamos ao próximo prestador de serviços …sem culpa, sem dúvida, porque afinal o mundo é mesmo assim. Desumanizamos outrem para que a nossa existência possa ser mais feliz e contente. Sem compromisso e chatices, porque afinal de contas, o que não falta por ai é malta disposta a prestar uma mão.
Mas eu revolto me…e penso que gostaria de algum dia ter uma ou duas amizades de 60 anos, gostaria de ter uma relação amorosa de pelo menos 10 reencarnações e não as sucessões de ofertas temporárias, onde alguém se torna amigo enquanto o tempo e as condições assim o permitem, os amores são todos implacáveis e interesseiros para além do razoável. Escapar aos tempos modernos de amizades de internet, de café e “corte e costura”. Das amizades de pura e não adulterada conveniência aos nossos tempos e necessidades egoístas. Sonhar com o fim dos 3/6/12 meses de contrato e despedimento emocional.
Excelente texto, gostei :) Não quero/consigo imaginar como será o teu neto a fazer uma mesma análise à sociadade na altura como a fizeste agora
ResponderEliminarObrigado. Só espero que ele tenha a mesma capacidade crítica que o avó e espero, que o pai ou mãe
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